terça-feira, 16 de novembro de 2010

Arme a tenda, o circo começou.

Bem, como estou nos meus últimos dias de aula (graças a Deus!), eu e minha turma fomos assistir as apresentações dos trabalhos de vídeo do segundo ano. Chegamos sem fazer (quase) nenhum barulho e nos sentamos no fundo da sala. Até ai tudo ótimo. O professor então, pediu que o primeiro grupo se levantasse e apresenta-se seu trabalho. Que por coincidência, se tratava de homofobia. Eu já conhecia as peças que estavam apresentando e já imaginava o que eu iria ver, porém tinha aquela esperança de estar errado. Infelizmente eu não estava. Eles começaram mostrando uma matéria do fantástico sobre homofobia, que como sempre dizia que a homofobia aqui no Brasil tinha caído bastante (Aham, sei). Em certa hora eles mostram que 2% das pessoas entrevistadas não respeitariam a homossexualidade na família, 3% não saberiam o que fazer, 94% respeitariam e dentro dessas todas, 54% apoiariam. E em outro momento do vídeo é mostrado que 54% acha que a homofobia deve ser considerado um crime. Então dos 94%, 40% só pensaria em respeitar a homossexualidade caso fosse na própria família e isso se eles não estiverem só falando da boca pra fora, o que é muito fácil. É como diria o velho ditado "pimenta no cu dos outros e refresco". Enquanto a apresentação rolava, notei que um deles olhou para o companheiro e falou sem emitir som: "Fudeu, vai dar merda" ou algo do tipo. Além da minha turma, estavam na sala mais três professores, a vice-diretora e a coordenadora. Da pra imaginar porque ele ficou tão preocupado. Foi então que colocaram a entrevista deles com um homossexual. Eu realmente fiquei com o queixo no chão, não acreditava no que estava vendo. O pior era ver que eles achavam graça no que estava acontecendo! As perguntas eram ridículas e as respostas piores ainda. Todos estavam abestados com aquela palhaçada toda. Menos, é claro, o grupo deles. Assim que terminou, levantei a mão, esperei a autorização e falei:

 - Vocês foram obrigados a fazer esse trabalho? Porque se não foram, nunca deveriam ter feito! Isso foi uma falta de respeito, uma grande palhaçada. Vocês mesmo estavam rindo do que fizeram. Aquele rapaz realmente era gay? 


E claro, o rapaz não era homossexual. E depois descobri que era um dos mais homofóbicos. Segundo um deles, o colocaram, pois ele sabia imitar gay direito. E como pegar um branco racista, pintar de preto e o mandar ficar falando como "negão". Isso não existe! Não existe um jeito negro de falar, um jeito homossexual de falar. Do grupo todo só tinha uma pessoa que eu não esperava que fizesse isso. Assim que tudo terminou, fui até ele. Falei que depois de tudo aquilo, meu respeito por ele tinha caído bastante. Ainda tentaram se explicar, mas não tem o que explicar. Ficamos lá mais um pouco, vimos os outros trabalhos e depois voltamos para nossa sala. Foi o assunto do dia e ficamos horas conversando. Pelo menos, vi que existem pessoas que realmente se importam e que defenderam também. Domingo mesmo, fui na parada gay com meu pai e uns amigos meus. Na qual eles me chamaram e eu chamei meu pai. Eu e o velho ficamos surpreso e felizes com isso, pois mostra que nem tudo está perdido, não é mesmo? E acho que posso dizer que tenho um pouco de influência nisso (Hahaha).

10 comentários:

  1. PERFEITO O TEXTO! É pra ficar revoltado mesmo. Um trabalho feito por alunos do segundo ano, com 18 anos na cara, usar um falso gay e não aproveitar para discutir uma questão que causa tanta morte como a homofobia. A população em geral só quer saber de gay na hora de rir. É por isso que esses playboyzinhos atacam gays com lâmpadas na cara em plena avenida Paulista no mesmo dia da parada gay do Rio. Acham que é engraçado! E ainda por cima a mãe de um deles diz que foi coisa de "criança" e o pai diz que ele foi azarado e que por isso mereceu!

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  2. Filhão, oi! Mais um importante post seu, né?
    No entanto, se cuide amigo e não seja ingênuo como eu já fui, como você disse em seu post anterior sobre fofocas e falta de sinceridade das pessoas, são capazes de falarem que você "só defende os gays por que tem pai gay"... ou outro absurdo do tipo...
    Só que isso, realmente, tem uma parte da verdade, só a gente sabe onde dói o nosso calo, já que sofremos a discriminação ( ou vemos as pessoas amadas sofrerem, como o seu pai ), portanto temos que lutar.
    Não sei se você viu, foi até um assunto muito falado, daquela "redação" do aluno homofóbico ( veja nesse link, please: http://www.botadentro.com.br/?p=2536), acho que dá oitava série... foi um escândalo na net e até o carioca maravilhoso Ruy Castro escreveu sobre....bom, esse aluno era da oitava série, seus "amigos" preconceituosos são da universidade, não? Veja você: no caso dessa redação, o professor deu ao aluno nota zero e encaminhou o caso à Diretoria... e os professores daí, da sua universidade, fizeram o que??
    No caso que seu pai fala, no comentário acima, um dos rapazes homofóbicos é filho de um diretor teatral... o que esse pai e esse filho aprenderam com o Teatro? Vai ver, ele é um desses trambiqueiros da Arte, que prepara o filho para ser ator de Malhação, apenas, mais um medíocre e pretenso assassino de homossexuais na praça, agora com aval do pai...
    PL122 Já!!! é a única daída.
    Agora, chega de esperarmos - sentados ou deitados - que governos e presidentes sorridentes ofereçam as conquistas de Direitos que tanto precisamos. Já passou dos limites. A Luta Homossexual no Brasil já tem 33 anos!!! Política se faz no Espaço Público, antes de tudo. Vejam essa imagem, ela fala por si. Pena que os/as militantes daqui não aprendam:
    http://noticias.uol.com.br/album/101115_album.jhtm?abrefoto=37
    Força!
    Ricardo
    aguieiras2002@yahoo.com.br
    http://dividindoatubaina.wordpress.com/

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  3. Belo texto. Foi um absurdo mesmo quando isso passou lá na sala de vídeo, impressionante a falta de respeito. Mas essa é a atualidade, não são só eles. Aliás, são os pais deles que proporcionam os filhos a ter pensamentos como esses, achar graça colocar um homofóbico pra imitar um homossexual.. Enfim, mas acredito que ao mesmo tempo, cada vez mais jovens aprendem a lidar com as diferenças (diferenças, é assim que devemos chamar? Creio que não, mas pra ficar claro, usemos esse termo).
    De noo, parabéns pelo texto! Beijo, Maria Cabral

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  4. Bem a situação descrita no seu texto figura cotidianamente pelas escolas e outros lugares desse país. Sei por experiência própria, pois como disse no último texto seu, fui alvo de preconceitos diários durante toda a vida escolar...risadinhas tendenciosas...apelidinhos.. e etc. É muito difícil falar sobre homossexualidade. As pessoas ainda se prendem à tabus. Muitos não tem coragem de se posicionar perante o tema e outros são completamente preconceituosos. E esses sentimentos são implantados pelos pais de tais adolescentes. A educação consiste também em implantar valores nos indivíduos, valores esses que serão essenciais nas relações do convívio em sociedade. Infelizmente nem sempre é o que vemos. A INTOLERÂNCIA caminha livremente. O incidente do último fim de semana ( dos jovens agredidos na Av Paulista)confirma a presença constante da intolerância na sociedade. Eu fiquei indignado, principalmente ao ler as declarações dos pais de alguns agressores.REVOLTANTE. O respeito ao próximo só será possível através da educação e da consolidação de valores. Uma declaração de Nelson Mandela descreve bem esse passo:

    "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
    Acrescento ainda essas palavras:Podem e devem, ainda, respeitar a DIVERSIDADE cultural, de modo a não promover a ESTRATIFICAÇÃO social.
    Bem acho que tudo o que disse aqui é dito sempre. Até quando ficaremos nesse dilema??? Igauldade Já!!!!!!!!!!!! Chega de HOMOFOBIA!!!!!!!!! Eu quero um país justo e igual...
    Abraço Bryan.

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  5. Ola Bryan!
    Gostei muito da sua atitude, questionar sempre, deixar as pessoas de saia justa é uma ótima tática para o dia a dia.
    Sua atitudes fortes faz com que seus amigos mais próximos respeitem e entendam melhor o nosso cotidiano. Continue assim!
    Ja falei que gosto do jeito que vc impõe!
    Meu filho mais velho tambem tem as mesmas atitudes.

    Agora, falando em filhos e filha.. então o senhor achou minha filha bonita? hmmmm..... certo!!! Ela é bonita mesmo!!! vc acha ela no meu orkut ou no meu facebook facilmente ( viu como eu sou legal?)

    Beijos Bryan

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  6. Parabéns pelo texto, pelo blog!
    estarei sempre por aqui.
    E venha me visitar tbm.
    abraço.

    osimdecadadia.wordpress.com

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  7. Na verdade, esse mais homofóbico deve ser uma bixa enrustida. Tanto que ele imita direitinho né? Ou será que só imita mesmo? rsrs...

    Quanto a botar um "falso gay" para ser entrevistado, as vezes é preciso, por não ter gays no elenco !

    Me falaram de uma pesquisa, botaram 2 grupos de pessoas...1 era de pessoas muito homofóbicas, e outro era de pessoas bem tolerantes.
    Botaram os 2 grupos para assistir a um pornô gay. E também botaram um "medidor de paudurecência". Viram que todos do grupo dos homofóbicos ficaram de pau duro, e os tranquilos, continuaram normal e assistiram o filme.

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  8. Bryan meu querido, no meu blog hoje eu deixei uma indicação de um premio para vc e seu blog, acho que isso é legal para o seu blog que esta começando e vc pode mostrar suas ideias para mais pessoas.

    da um pulo no meu blog e da uma olhada

    Abraços

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  9. Oi Bryan, encontrei o link do seu no blog no blog do David, fiquei curiosa e vim te conhecer.Não fiquei curiosa pelo fato do blog envolver a temática homossexual e sim pelo fato de se tratar de alguém que diz o que pensa e luta por suas verdades, sou uma pessoa assim também, as vezes penso até em deixar pra lá, mas é mais forte que eu, e assim vou continuando. PArabéns pelo blog, beijos

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  10. David! Muito obrigado e pode deixar que vou lá dar uma olhada!
    Kelly, fico feliz que tenha gostado e espero que volte sempre. E eu entendo quando você diz que é mais forte do que você e concordo que deva continuar. Pois só assim, as pessoas vão nos respeitar.

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